domingo, 10 de outubro de 2010

Survivor.

Eu nunca achei que devesse  me sentir agradecida por isso. Quer dizer, como posso me sentir bem com uma coisa que dói às vezes? Queria ser plena, queria conseguir te agradecer a noite mas eu não consigo. As vezes choro baixinho, no escuro. Espero que você entenda, ou não. Devo ser a tua filha mais rebelde a que mais te cobra, mas veja bem como devo concordar com tudo e dizer amém? Me lembro quando era criança, logo cedo aprendi que tu é a coisa mais importante que existe e que ama a todos IGUALMENTE. Mas esse igualmente, não é por igual, não é nada igual. Logo percebi que tu não estava lá sempre nem pra mim, nem pra muitas outras pessoas. Pessoas que nada tinham, pessoas que se apegavam a você... Acho que a gente não deve se apegar a nada, talvez por isso eu esteja assim, eu não sei talvez você esteja me punindo por algo que eu fiz ou que faltou. Acontece que às vezes eu queria ser diferente, cansei de ser toda pra dentro, é ruim assim sabe? Viver uma vida toda assim, sentir que não vale a pena sentir essa falta de viver essa lacuna dentro de mim. Queria ser plena, de ti ou de qualquer outra coisa. Querer. E o poder cadê? Cadê que eu não te vejo. Veja bem, as noites são todas iguais os dias são iguais. Pronta pra receber mais uma dose das dores do mundo. Em doses assim bem pequenas, pouco a pouco. Enquanto tem gente por aí que nada sente, que não está preocupado com a dor da gente. I'm a survivor. Se isso é bom ou não, já não sei. 

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